Monday, September 06, 2004

Eles comem tudo

É «inaceitável» e «incompreensível» que os aumentos salariais da função pública sejam determinados pelos ganhos de produtividade declarou hoje a União Geral dos Trabalhadores (UGT) em reacção às declarações do primeiro-ministro Pedro Santana Lopes.


como seria de esperar pela minha parte este estupido comentario não poderia passar ao largo.
ou o senhor de facto têm «compreenção» condicionada, ou «aceitabilidade » duvidosa...

Ora parece-me bastante coerente esta medida ao contrário de muitas opiniões interesseiras que por ai andam. Parece-me até a única hipótese plausível tendo em conta o quadro económico em que se encontra o nosso pais. Não se fazem omoletas sem ovos da mesma forma que os aumentos só se justificam se houver Maior produtividade, caso contrario o pouco que o pais ainda contém em reservas governamentais é extorquido por essa classe privilegiada que tudo o que sabe é exigir que é a função publica. Não entendo como é possível existir tamanha injustiça num pais onde se proclama a igualdade , no entanto o que constato é uma desmoralizante estratificação de direitos mesmo ao nível da classe media.

Não poderá haver margem para duvida de que o nosso estado considera uns filhos outros enteados. Enquanto uns são presenteados com Ausência ou fraca fiscalização do trabalho realizado outros, trabalhadores para empresas privadas, sofrem por vezes pressões contínuas por parte das chefias. Enquanto uns têm reformas antecipadas e com pagamento igual ao do último estatuto que alcançado, outros têm que cumprir o prazo normal para a segurança social recebendo no final uma mísera fatia do bolo do seu último trabalho. Enquanto uns beneficiam de Promoções automáticas, outros cumprem 6 meses de contracto após 6 meses de contracto sem qualquer expectativa de subida profissional. Enquanto uns têm direito a um Sistema de saúde privilegiado para o próprio e dependentes com acesso a clínicas privadas com alta comparticipação estatal, onde inclui dentistas e outras especialidades particulares, os outros beneficiam apenas do sistema básico da segurança social não tendo qualquer acesso comparticipado a clínicas ou a especialidades. Enquanto uns possuem reduzidos horários de trabalho bem como
Emprego garantido e riscos quase nulos de cair nas malhas do desemprego os outros trabalham oito horas sobre oito horas correndo o risco de despedimento no dia seguinte.
E há que referir uma das mais subtis regalias da função publica que quase nunca é enumerada que é o acesso automático a bons advogados (também da função publica) que encabeçam sindicatos e reivindicam junto do estado mais e mais direitos cujos demais trabalhadores que contribuem tanto ou mais para a riqueza do país nunca poderão adquirir.

Todas estas regalias entre outras permitem apenas a alguns a vida estável que todos gostariam e por direito deveriam de ter.

2 comments:

Not-so-funny-guy (NSF) Guy said...

O problema é que não existem estruturas de forma a supervisionar e avaliar de forma justa e correcta o trabalho dos funcionários públicos. Ainda que houvesse num determinado departamento, não existe maneira de o fazer de forma puramente homogénea e equilibrada. Portanto a afirmação do Sr. Santana Lopes é logicamente demagogia política, e apenas pretende atiçar as vozes dos sindicatos (estes que são apenas cães pagos pelo povo para ladrar). Quanto mais os cães ladram, mais efeito tem as palavras deste exímio corrupto.

sapiens said...

o que eu entendi foi que os aumentos salariais iam ser proporcionais á productividade não apenas da função publica mas a productividade geral do país, o que acaba por ser o mesmo uma vez que nem a função publica nem o resto do pais parecem crescer para lado nenhum...