O comunismo foi, inegavelmente, um dos fenômenos mais importante do Século XX. Antecedeu o fascismo e o nazismo, sobreviveu a ambos e atingiu todos os continentes.
Seus crimes, em todo o mundo, não foram ainda submetidos a uma avaliação legítima, tanto do ponto de vista histórico como do ponto de vista moral. E, talvez, nunca sejam. Alguns poderão refutar, alegando que a maioria dos crimes respondia a uma “legalidade”, ela própria sustentada por instituições pertencentes aos regimes vigentes. Mas não ocorreu o mesmo com o nazismo, que foi julgado em Nurenberga?
Os testemunhos abundantes, confirmados pela abertura dos arquivos do partido e da KGB após o fim da União Soviética, demonstram que o terror foi uma das dimensões fundamentais do comunismo. Em seu nome foram cometidos inúmeros crimes contra o espírito, contra a cultura universal, contra as culturas nacionais e sobretudo contra a vida.
Stalin ordenou a demolição de centenas de igrejas na Rússia; Nicolau Ceaucescu destruiu o coração histórico de Bucareste para construir edifícios e traçar perspectivas megalomaníacas; Pol Pot desmontou, pedra por pedra, a Catedral de Phnom Penh e abandonou à selva os templos de Angkor e, durante a chamada revolução cultural maoísta, tesouros inestimáveis foram destruídos pelos Guardas Vermelhos.
Em um primeiro balanço foram estabelecidos os seguintes números:
URSS, 20 milhões de mortos;
China, 65 milhões;
Vietname, 1 milhão;
Coréia do Norte, 2 milhões;
Cambodja, 2 milhões;
Leste-Europeu, 1 milhão;
América Latina, 250 mil;
África, 1,7 milhão;
Afeganistão, 1,5 milhão.
O total aproxima-se dos 100 milhões de mortos, contra 25 milhões de mortos pelo nazismo. Ou seja, os regimes comunistas foram os mais criminosos do Século.
Stalin ordenou ou autorizou inúmeros crimes, sendo o mais espetacular a execução da quase totalidade dos oficiais poloneses aprisionados em 1939, durante a II Guerra Mundial, dos quais os 4.500 oficiais mortos na Floresta de Katyn foi apenas um episódio. Entretanto, outros crimes passaram desapercebidos pela opinião pública mundial, como o assassinato, nos Gulags, de centenas de milhares de cidadãos russos, bem como de alemães aprisionados entre 1943 e 1945.
Essa foi uma decisão dos bolcheviques, tão logo tomaram o Poder, em outubro de 1917: a eliminação legal de toda e qualquer oposição e resistência ao novo regime.
Logo após a Revolução Bolchevique, centenas de milhares de pessoas engajaram-se, em todo mundo, nas fileiras da Internacional Comunista, definida por Stalin como “o estado-maior político e ideológico do movimento revolucionário do proletariado, destinado a preservar o marxismo revolucionário das deformações oportunistas de direita e de esquerda”. Nos anos 50/70, outras centenas de milhares de homens e mulheres veneraram o kamarada Mao, o Grande Timoneiro da revolução chinesa, e cantaram em prosa e verso os grandes méritos do Grande Salto Adiante e da Revolução Cultural que mandou milhões de chineses para os cemitérios.
No mundo ocidental, muitas pessoas alegaram que não sabiam. Todavia, com freqüência, essa ignorância era, tão somente, resultado de uma cegueira provocada pela crença militante. Desde os anos 40, muitos fatos eram conhecidos e incontestáveis. Ora, se a maioria dessas pessoas abandonou, hoje, seus ídolos de ontem, a grande maioria foi com silêncio e discrição. Mas não deixa de ser um profundo amoralismo abandonar um engajamento político público no maior dos segredos, sem dele tirar nenhum a lição.
A ideologia comunista propõe a imagem de uma sociedade melhor e nos incita a desejá-la e lutar por ela. Além do mais, ela priva os indivíduos de suas responsabilidades, pois são sempre eles, os Secretários-Gerais quem decidem por nós. A atração desse sistema totalitário, experimentada inconscientemente por muitos, provém de um certo medo da liberdade e da responsabilidade, o que pode explicar a relativa popularidade dos regimes autoritários em todos os tempos.
Recorde-se que o sistema político arcaico dos Czares que a Revolução Bolchevique varreu do mapa, no período de 1825 a 1917 condenou à morte por suas opiniões políticas, 3.932 pessoas, número ultrapassado pelos bolcheviques já em março de 1919, com menos de dois anos de exercício do Poder total.
Diante disso, pergunta-se: por que os crimes comunistas têm uma tão pequena repercussão na opinião pública? E, sobretudo, por que um silêncio acadêmico sobre a catástrofe comunista – e até mesmo sua negação – que atingiu, por cerca de 80 anos, um terço da humanidade, nos quatro continentes? Por que a incapacidade dos políticos e historiadores de situar no centro da análise da doutrina comunista um fator tão essencial quanto o crime, o crime em massa, o crime sistemático, o crime contra a humanidade ou, simplesmente, os crimes comunistas? Não seria essa uma recusa deliberada de saber, de um medo de compreender?
Cupidez, apatia, vaidade, fascinação pela força e pela violência, paixão revolucionária? Qualquer que seja a motivação, os líderes das ditaduras comunistas sempre encontram os bajuladores de que tanto necessitam. E continuam a encontrar. Fidel Castro, por exemplo, não é aplaudido quando diz que está “construindo o socialismo” e quando vocifera, ao final de seus discursos “socialismo ou morte”? Bem como quando é fotografado em eventos internacionais ao lado de outros governantes?
O kamarada Hugo Chávez não é aplaudido quando se refere à tal revolução bolivariana e a um socialismo à la Simón Bolívar?
Finalmente, cabe lamentar que a ignorância – desejada ou não – da dimensão criminosa do comunismo tenha se juntado, quase sempre, à indiferença da maioria de nossos contemporâneos para com seus irmãos humanos.
Thursday, December 29, 2005
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4 comments:
« Comunismo = CRIME »
Podias explicar o que é que entendes por comunismo?
não penso que se trate de uma questão importante "o que eu entendo por comunismo"
não é a minha definição, uma vez que ninguém está aqui para inventar coisa nenhuma, eu entendo por comunismo aquilo que todos devem entender por comunismo formulando as minhas concepçoes nas definições cientifica e socialmente aceites
comunismo
s. m.,
teoria social que preconiza a supressão da propriedade individual e a comunhão de todos os bens e de todos os produtos da terra e da indústria;
regime político, económico e social que segue a teoria do comunismo;
conjunto dos defensores da teoria do comunismo.
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modo de produção caracterizado pela associação livre e cooperativa de produtores, onde a produção, apropriação e distribuição de excedentes são controladas socialmente pelos próprios produtores.
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modelo de sociedade inspirado a partir dos pensamentos inicialmente elaborados por Karl Marx e, posteriormente, continuados por diversos outros teóricos, notavelmente Friedrich Engels, Vladimir Lenin, Leon Trotsky, dentre inúmeros outros. Uma das principais obras fundadoras desta corrente política é "O Manifesto do Partido Comunista" de Marx e Engels.
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economic theory which stresses that the control of the means of producing economic goods in a society should reside in the hands of those who invest their labor for production. In its ideal form, social classes cease to exist, there is no coercive governmental structures, and everyone lives in abundance without supervision from a ruling class. Karl Marx and Friedrich Engels popularized this theory in their 1848 Communist Manifesto.
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Pois, mas não te esqueças que os capitalistas também são uns ferozes inimigos dos nacionalistas!
Odiados quer pelos capitalistas, quer pelos comunistas, como é que os nacionalistas vão conseguir sobreviver?
eu não disse o contrário, nem tão pouco sou a favor do capitalismo selvagem, a outra grande doença da humanidade para além do comunismo ideologico e cego. ambas as ideologias são formas de alienação, ambas levam á aniquilação das identidades dos povos , sumbergindo a humanidade numa nova forma de existir que ainda não esta provado que funcione sem que existam modelos experimentais com resulatdos positivos (que só mesmo os sonhadores pacifistas e desconhecedores da indole do ser humano conseguem acreditar). povos diferentes coexistindo no mesmo espaço geram inevitávelmente violencia e mal estar, olhemos á nossa volta e não veremos paz entre gentes diferentes a não ser que o regime politico seja ditatorial ou autoritario. acho que perante este cenário mundial só temos duas alternativas, ou separatismo e democracia (e um mundo de nações que interagem e negoceiam respeitando o espaço do outro), ou multiculturalismo e ditadura (gerando o mais que obvio mau estar que so os alienados de esquerda podem desejar)...
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